Por que mulheres têm tantas queixas na esfera do amor? De se sentirem não amadas, de não receberem tanto afeto quanto gostariam ou sentem que oferecem e, um fato que sempre me encucou, simplesmente por estarem sozinhas? Por que quando não têm alguém se sentem encalhadas? Por que mulheres que são mães carregam tanta culpa? E as que não são, por que se sentem na obrigação de estarem disponíveis a cuidar dos demais? E, de outro lado, por que os homens, diferentemente das mulheres, se preocupam-se tanto com o seu desempenho no trabalho e na vida sexual? Por que certas experiências, como, por exemplo, o desemprego, a aposentadoria ou a impotência, são tão ameaçadoras para eles enquanto homens?
Essas são questões que a videoconferência Saúde Mental e Violência de Gênero, a ser ministrada pela professora Dra. Valeska Zanello abarcará. Defendendo a tese de que o sofrimento psíquico se apresenta de forma gendrada, Zanello diz: “Em culturas sexistas, como o Brasil, tornar-se pessoa é tornar-se homem ou mulher, em um binarismo que ainda estamos longe de desconstruir. Assim, como conceber categorias analíticas que nos amparem a pensar, a escutar e a intervir clinicamente levando em consideração as especificidades de gênero? Quais são os mecanismos que moldam esses processos de subjetivação? E que pedagogias afetivas são utilizadas?".
Valeska Zanello é graduada em Filosofia e Psicologia pela Universidade de Brasília e doutora em Psicologia pela mesma instituição. Atuante nos temas saúde mental, gênero, psicanálise e filosofia da linguagem, Zanello coordena o grupo de pesquisa "Saúde Mental e Gênero" (foco em mulheres), o qual realiza uma leitura do campo da saúde mental sob um viés feminista das relações de gênero (e interseccionalidades com raça e etnia), no que diz respeito à epistemologia, semiologia, diagnóstico psiquiátrico e prática profissional.
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